domingo, 22 de novembro de 2009

Alunos da EJA


Conceitos relevantes para a prática pedagógica em EJA=>
“A variedade das práticas de alfabetismo possíveis e suas relações com outras peculiaridades culturais de subgrupos são constitutivas da pluralidade da cultura e, nessa medida, devem ser compreendidas e valorizadas” (p. 245).

Dificuldades dos alunos jovens e adultos em sala de aula e no cotidiano de suas vidas. O processo de alfabetização das turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) está ancorado em práticas indispensáveis de leitura e escrita que também são desenvolvidas com crianças das séries iniciais do Ensino Fundamental. Isso não quer dizer que o professor vá trabalhar lançando mão dos mesmos materiais e estratégias com públicos tão distintos. Não faz sentido. Esse é, inclusive, um dos motivos que levam os mais velhos a fracassar e abandonar a escola.
Embora exista uma variedade considerável de bons materiais organizados pelo Ministério da Educação (MEC) e pelas secretarias estaduais e municipais do país (disponível na internet), muitos educadores ainda recorrem aos livros usados pela criançada. Um dos motivos é a falta de formação específica. A maioria das faculdades de Pedagogia negligencia a EJA e não prepara os educadores para lidar com especificidades da modalidade. Estudo encomendado por NOVA ESCOLA à Fundação Carlos Chagas no ano passado aponta que lecionar para jovens e adultos é um fato abordado somente em 1,5% das disciplinas do currículo de Pedagogia.
Mas é fato: os alunos da EJA não são crianças grandes e não podem ser tratados como tal em sala de aula. “são pessoas com experiências de vida, já bastante recheadas de saberes. E, ainda que não formais, eles precisam ser levados em conta”, explica Vera Barreto, presidente do Vereda – Centro de Estudos em Educação. Além do mais, usar o material das crianças pode não despertar o interesse desses alunos.”Sabendo disso, é preciso escolher textos e músicas, por exemplo, que tenham a ver com o mundo desses estudantes e despertem a curiosidade deles, descartando o que é destinado aos pequenos”, diz Francisco Mazzeu, pedagogo e professor do Departamento de Didática da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus de Araraquara.
O histórico de fracasso escolar também precisa ser levado em consideração – para alguns estudantes, a possibilidade de errar ao ler e escrever amedronta, quando deveria, na verdade, ser encarada como uma etapa natural da aprendizagem.




Características do aluno jovem e adulto: identidade, linguagem e pensamento. Refletir sobre como esses jovens e adultos pensam e aprendem envolve, portanto, transitar pelo menos por três campos que contribuem para a definição de seu lugar social: a condição de “não-crianças”, a condição de excluídos da escola e a condição de membros de determinados grupos culturais.
A modalidade de pensamento à qual se opõe o pensamento denominado pouco letrado é, em grande medida, uma construção derivada do senso comum. (Oliveira, 1995, p. 157)Um segundo ponto a ser mencionado no que diz respeito à especificidade dos jovens e adultos como sujeitos de aprendizagem relacionada com o processo de exclusão da escola regular é o fato de que a escola funciona com base em regras específica se com uma linguagem particular que deve ser conhecida por aqueles que nela estão envolvidos.Conforme discutido em trabalho anterior a respeito de alunos de um curso de pós-alfabetização para adultos,o desenvolvimento das atividades escolares está baseados em símbolos e regras que não são parte do conhecimento de senso comum.
Em nível mais sutil, entretanto, dominar a mecânica da escola e manipular sua linguagem são capacidades aprendidas no interior da escola e, ao mesmo tempo, cruciais para o desempenho do indivíduo nas várias tarefas escolares. Muitas vezes a linguagem escolar mostrou ser maior obstáculo à aprendizagem do que o próprio conteúdo.
Assim, se esses adultos não pensam de forma apropriada ou não são capazes de aprender adequadamente, isso se deve a sua pertinência a um grupo cultural específico. Subjacente a essa abordagem está uma postulação bastante determinista, que correlaciona, de forma estática, traços do psiquismo com fatores culturais que os determinariam.


Fonte: Revista Nova Escola,(novembro)
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, Set./Out./Nove./Dez. 1999, n. 12, p. 59-73.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Eliana:

Não estou segura, mas imagino que estes sejam fragmentos de alguma atividade tua, certo? Seria interessante te "ouvirmos" mais para além da atividade, justamente para entendermos porque selecionaste estes trechos, o que pensa a respeito, se tens ou não experiência no assunto, ok?

Abraço, Anice.