segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Não há como alfabetizar sem método?


Esta é uma pergunta que muitas de nós temos e Iole Maria Faviero Trindade nos responde que, como professora de práticas de ensino, que precisamos ter uma didática que acolha essa pluralidade de discursos, fazendo uso deles conforme necessidades de uma formação, ela reafirma que não há como alfabetizar e letrar (não importa a ordem!), na escola, sem o uso de múltiplos métodos que contemplem os processos de ensino e de aprendizagem, isto é, de aquisição (codificação e decodificação) e usos da língua escrita.Concordo plenamente com ela eu me sinto mais segura com o uso de método e também como Iole nos ensina que devemos usar também aquele método construído pela bricolagem de didáticas diversas, contando,então, com a trajetória dos "tradicionais" métodos de alfabetização, como uma produção histórica que permite que exploremos, por exemplo a relação imagem-letra inicial de palavras significativas ou entre as unidades linguísticas (grafemas-fonemas, sílabas-letras, palavras-sílabas, frase-palavras, texto-frases), além de todas as variações imagináveis, que os métodos em suas diferentes marchas e combinações nos ensinaram, a partir de uma produção que foi passando por alterações ao longo dos séculos.

domingo, 22 de novembro de 2009

RECOMEÇAR


Alunos da EJA


Conceitos relevantes para a prática pedagógica em EJA=>
“A variedade das práticas de alfabetismo possíveis e suas relações com outras peculiaridades culturais de subgrupos são constitutivas da pluralidade da cultura e, nessa medida, devem ser compreendidas e valorizadas” (p. 245).

Dificuldades dos alunos jovens e adultos em sala de aula e no cotidiano de suas vidas. O processo de alfabetização das turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) está ancorado em práticas indispensáveis de leitura e escrita que também são desenvolvidas com crianças das séries iniciais do Ensino Fundamental. Isso não quer dizer que o professor vá trabalhar lançando mão dos mesmos materiais e estratégias com públicos tão distintos. Não faz sentido. Esse é, inclusive, um dos motivos que levam os mais velhos a fracassar e abandonar a escola.
Embora exista uma variedade considerável de bons materiais organizados pelo Ministério da Educação (MEC) e pelas secretarias estaduais e municipais do país (disponível na internet), muitos educadores ainda recorrem aos livros usados pela criançada. Um dos motivos é a falta de formação específica. A maioria das faculdades de Pedagogia negligencia a EJA e não prepara os educadores para lidar com especificidades da modalidade. Estudo encomendado por NOVA ESCOLA à Fundação Carlos Chagas no ano passado aponta que lecionar para jovens e adultos é um fato abordado somente em 1,5% das disciplinas do currículo de Pedagogia.
Mas é fato: os alunos da EJA não são crianças grandes e não podem ser tratados como tal em sala de aula. “são pessoas com experiências de vida, já bastante recheadas de saberes. E, ainda que não formais, eles precisam ser levados em conta”, explica Vera Barreto, presidente do Vereda – Centro de Estudos em Educação. Além do mais, usar o material das crianças pode não despertar o interesse desses alunos.”Sabendo disso, é preciso escolher textos e músicas, por exemplo, que tenham a ver com o mundo desses estudantes e despertem a curiosidade deles, descartando o que é destinado aos pequenos”, diz Francisco Mazzeu, pedagogo e professor do Departamento de Didática da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus de Araraquara.
O histórico de fracasso escolar também precisa ser levado em consideração – para alguns estudantes, a possibilidade de errar ao ler e escrever amedronta, quando deveria, na verdade, ser encarada como uma etapa natural da aprendizagem.




Características do aluno jovem e adulto: identidade, linguagem e pensamento. Refletir sobre como esses jovens e adultos pensam e aprendem envolve, portanto, transitar pelo menos por três campos que contribuem para a definição de seu lugar social: a condição de “não-crianças”, a condição de excluídos da escola e a condição de membros de determinados grupos culturais.
A modalidade de pensamento à qual se opõe o pensamento denominado pouco letrado é, em grande medida, uma construção derivada do senso comum. (Oliveira, 1995, p. 157)Um segundo ponto a ser mencionado no que diz respeito à especificidade dos jovens e adultos como sujeitos de aprendizagem relacionada com o processo de exclusão da escola regular é o fato de que a escola funciona com base em regras específica se com uma linguagem particular que deve ser conhecida por aqueles que nela estão envolvidos.Conforme discutido em trabalho anterior a respeito de alunos de um curso de pós-alfabetização para adultos,o desenvolvimento das atividades escolares está baseados em símbolos e regras que não são parte do conhecimento de senso comum.
Em nível mais sutil, entretanto, dominar a mecânica da escola e manipular sua linguagem são capacidades aprendidas no interior da escola e, ao mesmo tempo, cruciais para o desempenho do indivíduo nas várias tarefas escolares. Muitas vezes a linguagem escolar mostrou ser maior obstáculo à aprendizagem do que o próprio conteúdo.
Assim, se esses adultos não pensam de forma apropriada ou não são capazes de aprender adequadamente, isso se deve a sua pertinência a um grupo cultural específico. Subjacente a essa abordagem está uma postulação bastante determinista, que correlaciona, de forma estática, traços do psiquismo com fatores culturais que os determinariam.


Fonte: Revista Nova Escola,(novembro)
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, Set./Out./Nove./Dez. 1999, n. 12, p. 59-73.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Passaporte


Para (BETOLILA; SOARES, 2007) a criança deve entrar no mundo da escrita usando dois “passaportes”: precisa apropriar-se da tecnologia da escrita, pela alfabetização, e precisa identificar os diferentes usos e funções da escrita vivenciando diferentes práticas de leitura e de escrita, pelo processo de letramento. Se lhe é oferecido um dos “passaportes” - se apenas se alfabetiza sem conviver com práticas reais de leitura e de escrita – formará um conceito distorcido e parcial do mundo da escrita; se usa apenas o outro “passaporte” – se apenas, ou sobretudo, é levada ao letramento, sem a apropriação adequada da tecnologia da escrita – saberá para que serve a língua escrita, mas não saberá se servir dela. Assim, para a inserção plena da criança no mundo da escrita, é fundamental que alfabetização e letramento sejam processos simultâneos e indissociáveis.Sendo assim, precisamos preparar nossos planos de aula com vista neste aspecto "fazer com que o aluno conheça os diversos tipos de textos, ricos e variados e depois que o aluno tiver dominado o princípio alfabético com uma progressiva autonomia na identificação de palavras, os dois objetivos poderão então se juntar e se apoiar sobre os mesmos textos e suportes". A professora a partir daí fará de seu aluno, como está evidenciado na revista Nova Escola "Por fim , vale destacar que quando os gêneros são ensinados como instrumento para a compreensão da língua, não importa quantos ou quais você trabalha, desde que o objetivo seja usá-los como um jeito de formar alunos que aprendam a ler e escrever de verdade".

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A Importância do uso de Temas Geradores na Prática Pedagógica


Ao estudar os ensinamentos de Paulo Freire, que o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno sobre sua situação de oprimido para agir em favor da própria libertação, me lembrei de um aluno que disse: - Pra que estudar se eu vou ser jogador de futebol ? Minha resposta veio na hora, para ninguém te enrolar, tu precisarás saber fazer cálculos, saber conversar com a namorada e com as outras pessoas.
Então, é essa a proposta de Paulo Freire "habilitar o aluno a "ler o mundo", na expressão famosa do educador, "Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la), dizia.
Segundo Freire, o professor terá que ser afetivo e democrático, para conseguir cativar e despertar o senso crítico de seus alunos, trazer coisas da vida, da realidade, se aprofundar na busca de conhecimentos e não se contentar só com a Eva viu a uva...
Para que isto aconteça, será necessário que o professor tenha a sensibilidade de ao planejar suas aulas, lembre, de fazer questionamentos, o que vocês gostariam de aprender? Surgirão muitas respostas, a professora poderá a partir daí, escolher um tema que venha de encontro com a realidade das crianças e desenvolver junto com a turma um projeto de aprendizagem.
Ao final do projeto a turma fará descobertas enriquecedoras e que contemplem conhecimento, prazer e vontade de querer mais e aliado a isto alunos com mente crítica e evitando assim um aluno com "a mente coisificada".
“Esse tipo, entretanto – se não me iludo com as minhas observações e se determinadas pesquisas sociológicas permitirem generalizações –, está muito mais disseminado do que se poderia acreditar. Aquilo que exemplificava apenas alguns monstros nazistas poderá ser observado hoje em grande número de pessoas, como delinqüentes juvenis, chefes de quadrilha e similares, que povoam o noticiário dos jornais, diariamente. Se eu precisasse converter esse caráter manipulativo numa fórmula – talvez não devesse fazê-lo, mas pode contribuir para um melhor entendimento –, eu o chamaria "tipo com consciente coisificado".(* Reproduzido de ADORNO, T. W. Erziehung nach Auschwitz, In: –.
Stichworte; kritische Modelle 2. Frankfurt, Suhrkamp, 1974. Trad. por Aldo Onesti.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Reflexões sobre a proposta de trabalho de Jean Itard com o menino Victor



Fiquei sabendo da história do menino Victor através da interdisciplinar Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais e agora através da interdisciplina Língua Brasileira de Sinais, confesso que me emocionei demais, porque justamente uma pessoa desprovida de um dos 5 sentidos sofreu tanto.
Neste link está postado a história de Victor em meu Dossiê sobre alunos com necessidades especiais
http://selvagem.pbworks.com/
Victor sofreu tanto... fico pensando no lado emocional dele, o quanto ficou abalado por tamanha crueldade, vinda de pessoas como seus pais, que deveriam lhe dar segurança, segurar suas mãozinhas e dizer: Filho estamos aqui, pode confiar! Ao invés disso o que recebeu? Facadas, pela ignorância da espécie humana que costuma ser discriminatória e desumana.
Preferível mesmo que ele tivesse ficado na floresta a ser maltratado por quem quer que seja. Jean Itard foi o anjo da guarda de Victor por algum tempo com o seu trabalho
“Adepto das idéias filosóficas de Condillac, Itard acreditava na educação como
principal vetor de desenvolvimento da humanidade. Partindo do princípio de que tudo
que o homem sabe ele o aprende, Itard acreditou que a educação poderia integrar Victor
no convívio social. A convicção filosófica de Itard permitiu que ele embarcasse nesse
empreendimento educativo com Victor, afrontando a teoria das idéias inatas e
contrariando importantes intelectuais de sua época, tais como Sicard e Pinel, que ao
avaliarem Victor após sua chegada em Paris, desacreditaram-no em sua educabilidade,
pressupondo uma “idiotia congênita”.
“O homem torna-se humano nas e pelas relações com outros homens: o início da
educação de Victor”
Com base principalmente nas idéias de Condillac, filósofo sensualista, Itard
estabeleceu cinco metas para seu programa pedagógico, todas elas envolvendo a sensação
e a percepção como vias para trabalhar os aspectos cognitivos e afetivos de Victor. Para
elaborar seu plano de trabalho, Itard foi incansável em suas observações até determinar
quais passos seguiria com Victor. Segundo Lane (1986), ele determinou os componentes
mais importantes das dificuldades de Victor – sensorial, motivacional, verbal – e os
classificou em áreas que iria tratar com uma determinada ordem, começando pela
atividade sensorial e seguindo até a linguagem e o pensamento abstrato.
primeira meta
, “interessá-lo pela vida social, tornando-a mais amena do que aquela que ele então levava, e sobretudo mais análoga à vida que acabava de deixar”.

segunda meta: “despertar a sensibilidade nervosa com os mais enérgicos estimulantes e algumas vezes com as vivas afeições da alma
Itard diria ainda que “um grande vício da educação é crer que ela deva ser a mesma para todos os indivíduos. Ela deveria ser tão variável como é o espírito humano nas suas modificações e à época de seu desenvolvimento” (ITARD, 1802, p. 466).
A terceira meta que Itard propôs-se a atingir na educação com Victor foi “ampliar a esfera de suas idéias dando-lhes necessidades novas e multiplicando suas relações com os seres que o circundam.”
Outra contestação que Itard se via compelido a responder era: se Victor não é surdo, por que não fala? Elaborou assim a quarta meta: “levá-lo ao uso da fala, determinado o exercício da imitação pela lei imperiosa da necessidade.”
quinta e última meta:
"exercitar durante algum tempo, a partir dos objetos de suas necessidades físicas, as mais
simples operações da mente e determinar em seguida sua aplicação aos objetos de instrução”.

Neste processo de Jean Itard houve rupturas, avanços e esquecimentos. Foi um trabalho árduo cheio de observações levantamento de hipóteses, experiências, de prazer, alegria e decepções tanto para o aluno quanto para o médico cientista.
Nesta caminhada Itard nos ensina que ao professor caberia a difícil tarefa de organizar os ambientes de aprendizagem, de proporcionar atividades favorecedoras de desenvolvimento, não só cognitivo, mas afetivo e comportamental, idéia que pode ser considerada bastante contemporânea.

COMPARAÇÃO DA HISTÓRIA DE VICTOR COM A DOS SURDOS

Não foi muito diferente o que Victor e os outros surdos do mundo passaram ou continuam a passar, como a rejeição pela sociedade, discriminação, não poder casar, serem tratados como inferiores, isolados nos asilos para que pudessem ser protegidos, viam os surdos como anormais ou doentes, poucos conheciam os surdos como cidadãos.
Desde a época de Victor até os dias atuais houve inúmeras conquistas na educação para os surdos, graças a seus esforços e esforços de bons profissionais.
Com a língua dos sinais conseguem se comunicar perfeitamente com qualquer pessoa que saiba a mesma.
Aprendi com esta reflexão que o trabalho de Itard abriu portas para o cuidado que devemos ter com pessoas com necessidades especiais e também sobre a relação professor-aluno, sobre a afetividade entre educador- educando para uma melhor aprendizagem e que cabe ao professor arrumar uma atmosfera para a aprendizagem.


REFERÊNCIA


RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO, APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
HUMANO: AS CONTRIBUIÇÕES DE JEAN MARC-GASPARD ITARD (1774-1838)
Aliciene Fusca Machado Cordeiro – UNIVILLE
Mitsuko Aparecida Makino Antunes – PUC-SP
Agência Financiadora: CAPES