Para que a turma possa ter a possibilidade de desenvolver a habilidade relativa ao gênero oral, essa semana solicitei que eles confeccionassem um jornal e depois dramatizassem, sim, dramatizassem porque Celestine Freinet, “ O Mestre do Trabalho e do Bom Senso” e educador francês elucida que:
“ É necessário que o teatro seja a expressão corporal ativa e mínima da vida e dos pensamentos da criança. Só assim é que ela se identificará com o palco, tal como tem feito com o texto. As palavras, a mímica, tudo isso se transformará na expressão natural de um desejo ou um pensamento. A criança deixará de cumprir o seu papel como um macaquinho bem amestrado: Tornar-se-á um ator que vive o seu papel, que o anima, que o adapta à sua personalidade, que ri com vontade e que chora realmente.Às vezes as suas próprias faltas de jeito tornam-na ainda mais encantadora. Fazem com que a representação se torne mais comunicativa: palco transforma-se num momento de vida, que é o que deve ser”.
E, além disso, ele nos evidencia que um dos deveres do professor, é criar uma atmosfera laboriosa na escola, de modo que estimule as crianças a fazer experiências, procurar respostas para suas necessidades e inquietações, ajudadas por seus colegas e buscando no professor alguém que organize o trabalho” e dessa forma então, eu e os alunos colocamos em prática. Eles dramatizaram a Fátima e o William do Jornal Nacional e como recurso usaram o microfone e a caixa de som.
Foi um sucesso!
Cleusa J. Machado em “Aula de Teatro é Teatro?” esclarece que ...“na sala de aula existe, geralmente, um momento de contribuições na criação de cada um, na forma de críticas e sugestões, ou nas discussões sobre a distância entre o que se tinha intenção de comunicar e o que de fato foi compreendido. Desta forma, além de companheiros de uma viagem sígnica, isto é, de uma experiência tecida em uma linguagem verbal, os alunos de uma mesma turma podem vir a ser também participantes e testemunhas do movimento intenso e singular que caracteriza o processo de criação de cada um.
Parece então admissível afirmar que no espaço escolar faz-se Teatro, tanto na sua forma mais evidente – o espetáculo-, como nos exercícios e atividades pertinentes ao seu ensino. Esta conclusão ratifica um dos pressupostos da Arte-Educação o qual considera que qualquer indivíduo pode produzir Arte, embora nem todos necessariamente se constituam artistas”.
Embarcados nessa viagem sígnica os alunos da minha turma, os que não haviam lido ainda para os colegas, se levantaram e disseram, eu quero ser o William, e as meninas eu quero ser a Fátima, um aluno enriquecendo o outro na aprendizagem.
Em Formas de Abordagem de Ana FUCHS, está claro que “ Um conhecimento que ultrapassa a idéia do desenvolvimento de uma forma de expressividade ou de desibinição, mas que possibilita também o desenvolvimento da operatoriedade (FÜRTH, 1987, p.178), na medida em que os alunos atores precisam articular diferentes perspectivas de uma mesma ação para resolverem os problemas de cena. O fazer teatral também torna possível uma maior compreensão por parte do indivíduo de si e do mundo que o cerca, pois exige uma reestruturação física e mental para tornar materiais e artísticas as idéias que pretende comunicar. O aluno – ator reconstrói uma forma de agir em cena e de pensar, fazendo relações entre o mundo cotidiano e a cena, construindo uma nova maneira de representar suas ações e refletir sobre o ambiente em que vive. Ela destaca como importante: a utilização de determinada abordagem teatral no contexto escolar não exclui as outras. É preciso saber de forma clara e coerente os objetivos que se pretende alcançar e buscar os melhores caminhos para atingi-los, tendo como princípio que o fazer teatral deve ser construído a partir das necessidades e desejos todos os sujeitos envolvidos no processo. Assim, pode-se fazer do teatro um recurso
riquíssimo para a aprendizagem de outras disciplinas, assim como transformar jogos e brincadeiras em verdadeiros espetáculos. É possível ainda fazer de uma representação um momento ímpar de descobertas e aprendizagem para todos”.
E foi assim , que uma das minhas alunas que tem insegurança ao ler, conseguiu, por uns instantes se libertar e ler mais tranqüila. (“Comunicar-se em diferentes contextos é uma questão de inclusão social, e é papel da escola ensinar isso”).
Acho que com o plano de aula dessa semana foi atingido o principal objetivo, o de despertar o “desejo”, algo que deixa a criança inquieta e com isso ela vai atrás de sua felicidade, de se tornar uma pessoa bem resolvida e de fazer descobertas de si e do mundo que acerca, apresentará suas idéias e defenderá seus argumentos com clareza diante do grupo e como conseqüência estará melhor preparada para o seu futuro profissional.
Referências:
Célestine FREINET in (44).
Cleusa Joceleia Machado- Aula de Teatro é Teatro?
Ana Carolina Muller Fuchs – Formas de abordagem dramática na educação
Revisado por Antônio Falcetta
Cláudio Bazzoni - Revista Nova Escola – Março de 2010
3 comentários:
Olá, Eliana:
Trouxeste fragmentos interessantes, mas ficou faltando uma "costura" maior com tua prática, certo? Por favor, tente refazer a postagem, ok?
Grande abraço, Anice.
Olá, Anice
"Costurei" melhor os fragmentos com a prática.
Espero que tu goste!
Olá, Eliana!
Que bom... aguardarei a publicação, certo?
Grande abraço, Anice.
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